ARTIGOS - GOVERNANÇA NO RIO
Mercado de Trabalho no Rio de Janeiro: 2º Trimestre de 2019
Mas no final, se precisar escolher somente uma, a taxa de desemprego acaba sendo a variável macro mais importante, pois não adianta nada a inflação estar baixa (como está atualmente), se o desemprego está em nível elevado (como também está nos dias de hoje). Nesse caso, as pessoas não têm renda para consumir e sustentar a família.
A taxa de desemprego geralmente é a última variável tanto a entrar quanto a sair da crise, pois há um efeito defasado entre a crise começar e as empresas se readequarem a esse novo (pior) cenário, com menos trabalhadores. E, no cenário (mais positivo) de saída da crise e de crescimento, também há um tempo maior para as empresas se readequarem novamente e contratarem mais pessoas. Por exemplo, a última recessão brasileira começou no segundo trimestre de 2014, segundo o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos – CODACE, e terminou no final de 2016. Quando a recessão começou, a taxa de desemprego estava abaixo dos 7,0%. Atualmente, mais de dois anos e meio depois do final da recessão, a taxa é próxima de 12%.
No segundo trimestre de 2019, a taxa de desemprego do RJ foi de 15,1%, menor do que a taxa de 15,3% nos três primeiros meses do ano (Gráfico 1). Uma forma de se analisar a evolução do mercado de trabalho é comparar a taxa de desemprego na mesma época do ano anterior, para minimizar os efeitos sazonais. O Gráfico 2 mostra isso para o RJ, com uma queda da taxa de desemprego (0,2 p.p.) no segundo trimestre de 2019 em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior.
O Gráfico 3 mostra a diferença entre a taxa de desemprego do Estado do Rio de Janeiro e o dado médio do Brasil, mostrando que desde o segundo trimestre de 2016 o desemprego fluminense é maior do que o brasileiro. Atualmente, o desemprego do RJ é 3,1 p.p. maior do que no Brasil (15,1% X 12%).[1]
O emprego, principalmente o formal, tem uma relação muito grande com a atividade econômica. Ou seja, para ocorrer mais geração de emprego, principalmente o formal, a atividade econômica precisa reagir mais fortemente. Para dados estaduais, há o indicador de atividade econômica divulgado pelo Banco Central (IBCR–RJ), já citado no artigo “Economia e Governança: dupla análise sobre o atual contexto socioeconômico do Rio”, publicado recentemente aqui no Portal Governança no Rio. No segundo trimestre de 2019, esse indicador cresceu 0,4% em relação ao trimestre anterior. O Gráfico 4 mostra a relação entre o IBCR-RJ e a geração líquida de empregos formais (CAGED) no Estado do Rio de Janeiro. De acordo com os dados do CAGED, no acumulado dos primeiros sete meses do ano, o saldo está negativo em quase nove mil vagas. Ou seja, foram cortadas este ano milhares de vagas do emprego formal.
Então, no segundo trimestre de 2019, o IBCR-RJ cresceu 0,4% em comparação com o trimestre imediatamente anterior. A taxa de desemprego do RJ (15,1%) ainda é maior do que a média nacional, fato que ocorre desde o segundo trimestre de 2016. É necessário e urgente que a economia, tanto do RJ quanto do Brasil, melhore para que, com isso, ocorra uma maior geração de empregos.
[1] A taxa de desemprego do Brasil, no trimestre móvel encerrado em julho, foi de 11,8%. Para os dados estaduais, os últimos dados disponíveis são do segundo trimestre. Portanto a comparação foi entre os números até junho.
Marcel Balassiano - Mestre em Economia Empresarial e Finanças (FGV EPGE), Mestre em Administração (FGV EBAPE) e Bacharel em Economia (FGV EPGE).
Trackbacks/Pingbacks